tag:blogger.com,1999:blog-68583499049273979682024-02-07T20:04:37.222-03:00Kaya [revista de atitudes literárias]Webston Mourahttp://www.blogger.com/profile/04750701274670737148noreply@blogger.comBlogger117125tag:blogger.com,1999:blog-6858349904927397968.post-33942248073156481302015-06-22T06:16:00.001-03:002020-01-06T18:26:57.155-03:00CADERNO DE VOO [Kaya nº II - junho/2015]
https://kayarevistaliteraria.blogspot.com/
Depois de
sua nascença, Kaya (casa-lugar de escambo de sentires, de
contaminações poéticas, de emaranhar de pensamentos) torna a ser habitada. Eis
que alça voo ao vasto mundo seu número segundo.
Como
sempre há de ser, povoa-lhe todos os cômodos, todas as janelas, todas as
passagens a poesia, a Pensapoética que Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6858349904927397968.post-64094135369548570492015-06-22T04:17:00.002-03:002020-01-06T18:30:42.641-03:00DESENCANTO [Tatiana Alves]
Advection fog at the Golden Gate Bridge,San Francisco - Grombo
Essa história
de Príncipe Encantado vem me cansando ultimamente. Não
que eu
não goste de ser
viril, corajoso,
íntegro e belo.
Nada disso. Mas
já perdi as contas
das princesas igualmente encantadas que conheci, e que
me decepcionaram logo
após a promessa do viveram felizes
para sempre.
A separação, nem
sempre amigável,
ocorriaUnknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6858349904927397968.post-44910668822167553732015-06-22T04:08:00.002-03:002020-01-06T18:34:23.887-03:00FANTASMAS [Tatiana Alves]
Folha seca – Ernani Kern
A quem
causa mais dano a perda de
alguém? Seria a saudade
um lenitivo
ou uma tortura?
Quem não
teve tempo suficiente
para conviver
com alguém
que partiu perde, pelo
fato de não
ter lembranças
a que recorrer,
ou ganha,
por não
ter de lidar com a dolorosa face da saudade?
Felizes os que têm
a lembrança, dirão aqueles
para quem as fotografias não
passam de imagens Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6858349904927397968.post-62360169513356858042015-06-22T03:53:00.000-03:002020-01-06T18:36:47.984-03:00ROTINA [Tatiana Alves]
Relógio [Google Images]
Acordar. Descobrir-se gorda, sintoma
da retenção de líquidos
típica do período
pré-menstrual. Lidar com
o ciúme dos cães,
que se engalfinham pelo
privilégio de serem os primeiros a saudá-la. Definir
o dia. Correr
ao salão. Fazer
escova, pé
e mão. Agendar
o táxi, que
se atrasa. Aturar
reunião enfadonha.
Trabalhar. Perder tempo. Lascar
a unha recém-feita ao abrir
o Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6858349904927397968.post-66678186783787043832015-06-20T13:05:00.000-03:002020-01-06T18:39:44.236-03:00[Encosto o ouvido às algas] (Lília Tavares)
Calvi/Córsega - Ziegler175
Encosto o ouvido às algas
e escuto
os teus passos
na
areia de contornos
verdes
dos rumores das ondas.
Acelero
a minha vida em espera,
abrando
de dor o meu desejo.
para ti
me envolvo, me perco,
para
mim caminhas seguro,
quente,
esperado.
Podem
evadir-se as gaivotas.
Não vai
estender-se aqui a manhã.
..............................
# LEIA TAMBÉM:
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6858349904927397968.post-88638521360569810252015-06-18T03:11:00.001-03:002020-01-06T18:43:38.152-03:00NÓS, ILHAS DESCONHECIDAS [Webston Moura]
O CONTO DA ILHA DESCONHECIDA(Companhia das Letras)
O
que (e quem) somos senão ilhas desconhecidas? Caso nos atenhamos a apenas a algum óbvio, o de
que, por exemplo, já sabemos ― a priori e em definitivo ― tudo sobre quem somos,
imaginando-nos como seres estáticos e, quem sabe, rasos, jamais tomaremos a iniciativa que
nos levará a navegar o nosso mistério. Cada umUnknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6858349904927397968.post-63994407039016888512015-06-17T23:56:00.001-03:002020-01-06T18:47:13.282-03:00DOSTOIÉ vs KI* [Luciano Bonfim]
Wrought nails 17 – Hubertl
Dostoié
sempre acreditou que a origem de sua família fosse completamente russa. Dizia
pertencer à estirpe dos velhos marechais, juízes e plenipotenciários de
príncipes. Contudo, quando sentia alguma perturbação, vingava-se de todos
cantando em voz alta as histórias que a família queria sepultadas. Contava que
o seu tataravô juntou-se a ladrões de gado para Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6858349904927397968.post-86070440150292316682015-06-17T23:38:00.001-03:002020-01-06T18:53:01.262-03:00DIÁLOGO ADVERSO [Luciano Bonfim]
Bobo da Corte
‘Lutarei
pela sobrevivência de meu povo, disse o príncipe.
“Difícil
será fazê-lo acreditar, comentou o bobo.
‘Matarei
quem não acreditar, ponderou o príncipe.
“Nunca
duvidei de vossa bondade, concluiu o bobo.
[In
Dançando com sapatos que incomodam, p.
49]
..............................
# LEIA TAMBÉM:
* CONFISSÃO [Luciano Bonfim]
* A REALIDADE SEGUNDO H. P. DOWN [Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6858349904927397968.post-3021323727565442612015-06-17T23:27:00.002-03:002020-01-06T18:55:21.003-03:00CONFISSÃO [Luciano Bonfim]
Circles - psyberartist
‘O
homem é uma animal insólito, lento, andarilho...
Aquele: bebeu durante três meses, matou
dois leitores e uma vaca. Xingou a mulher do padre e seus dois filhos, lembrou
que fora macaco – bicho detestável –, caiu em tentação antes, durante e depois
do galo cantar. Procurou discos voadores, vampiros e prostitutas. Cometeu dores
contra si e ao próximo, usou seu nome Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6858349904927397968.post-10549599525763146052015-06-17T23:13:00.003-03:002020-01-06T18:58:21.627-03:00A REALIDADE SEGUNDO H. P. DOWN [Luciano Bonfim]
Briefkästen bei Ocotillo Wells - Tuxyso
O
mundo atrapalha a minha felicidade.
O
mundo seria melhor sem mim.
Felizes
são os outros.
Logo:
Realidade
é a supremacia dos problemas, do tempo e da vontade dos outros sobre a minha
(?) vida.
[In
Móbiles, p. 82]
..............................
# LEIA TAMBÉM:
* POR CAUSA DO GATO LILÁS [Luciano Bonfim]
LUCIANO BONFIM [1971] Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6858349904927397968.post-90799088257954776922015-06-17T23:06:00.001-03:002020-01-06T19:00:46.384-03:00POR CAUSA DO GATO LILÁS [Luciano Bonfim]
Gato Lilás - Aldemir Martins
Tarsila, uma
gata siamesa, que conviveu conosco por alguns
dias, apaixonou-se pelo ‘gato lilás’ de Aldemir
Martins – uma reprodução da
tela que possuímos em casa.
Investiu
tudo nesta paixão, estudou sobre o artista e sua obra, incomodou a todos com o
seu canto lastimoso e noturno, gastou as unhas arranhando os telhados alheios.
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6858349904927397968.post-39493662212533735822015-06-17T22:19:00.002-03:002020-01-06T19:04:23.147-03:00TÂNIA DU BOIS: SENSIBILIDADE E LUCIDEZ [Webston Moura]
Amantes nas entrelinhas(Projeto Passo Fundo, 2013)
Há leituras que nos acolhem e, suavemente, nos instigam. São estas que, com
gosto especial, carregaremos pro resto da vida. É o caso das crônicas de Tânia
Du Bois, textos muito humanizados, o que me lembra da autora como pedagoga. Mas,
para quem já imagina algo no estilo auto-ajuda, vá tirando o cavalinho da
chuva, que seus livros Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6858349904927397968.post-81371310034178558212015-06-17T21:33:00.003-03:002020-01-06T19:14:24.792-03:00MEMÓRIAS DE NILTO MACIEL [Webston Moura]
O
leitor mais atento (e não precisa ser muito) percebe que esta secção de Kaya, a
que denominamos “Voragens”, sugestão do amigo Dércio Braúna, é dedicada a
resenhas de livros, embora seu sentido não seja propriamente o da resenha acadêmica,
o que comportaria todo um rigor. Tratamos, aqui, bem mais das livres impressões
que temos, com simplicidade e sem mais delongas. Ao leitor, ficam sugeridas Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6858349904927397968.post-43612268525346576892015-06-17T06:29:00.003-03:002020-01-07T13:26:59.670-03:00CHÃO DE DOCES DEMORAS [Webston Moura]
De Sterrennacht - Vincent van Gogh
Minha
terra é tudo pelo que me apaixono.
Ela
cabe em diferentes geografias.
Por
isso, sempre quero não ver
estes que
brigam por ninharias.
Minha
terra ― como não?! ―
pode
ser um chipre floral que,
bruma por sobre um sonho
de céus de Afrodites,
&Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6858349904927397968.post-66300416531295680962015-06-17T05:35:00.000-03:002020-01-07T13:30:14.185-03:00SANTO ANTÃO DO DESERTO [Webston Moura]
San Antonio Abad – Francisco Zurbarán
À
porta, quando aberta ao sol
(manhã que
resplandece sobre
o Amanita muscaria ― máquina
de
fabricar sonhos ― e ao dorso
de magos pressagiando céus
― e que este dia nos seja bom!,
talvez o
digam, intimamente),
de quem
me apercebo senão
deste
velho senhor, mensageiro
de
antigas, e sempre, boas novas
conforme
relatos de outros antigos?
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6858349904927397968.post-88906509818963033442015-06-16T21:31:00.001-03:002020-01-07T13:35:51.756-03:00O reflexo complexo em si: A LUCIDEZ [Tânia Du Bois]
Ein brennendes Streichholz - Sebastian Ritter
“Inquietos
são os momentos de lucidez /
Pacíficas
as ameaçadoras loucuras”
(Carmen Presotto)
As palavras de Nilto Maciel, “a lucidez possível”, me faz refletir
sobre a lucidez como assunto que vem à baila: algo que se lembra, que se ouve,
qualquer coisa que se lê. Pois, nas lembranças, encontro Orides Fontela que
poetizou que “AUnknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6858349904927397968.post-47342173223655984082015-06-16T21:16:00.002-03:002020-01-07T13:38:18.947-03:00AUTÓPSIA DO INVISÍVEL [Tânia Du Bois]
Phases of water impact on water - Henningklevjer
É preciso
ter imaginação para fazer autópsia das artes e ver o invisível. O invisível
pode ser percebido ou receber diferentes significados, com a interferência das
autópsias que nutrem os elos da vida, descrevendo em realidade a fantasia, onde
a vida imita a arte, como se fosse arte em movimento que é o encontro cultural
entre a arte deUnknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6858349904927397968.post-42357989350620101912015-06-16T19:21:00.002-03:002020-01-07T13:51:21.924-03:00A MULHER QUE ESCREVEU A BÍBLIA [W.J. Solha]
O
sorridente abaixo é o leve, irônico, profundo escritor judeu porto-alegrense
Moacyr Scliar, falecido em 2011, aos 74 anos e 60 livros, Prêmio Casa de Las
Americas, Prêmio da APCA – Associação Paulista dos Críticos de Arte –, detentor de três Jabutis, e que tem “O
Centauro no Jardim” na lista dos cem melhores livros de temática judaica dos
últimos duzentos anos, feita pelo National
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6858349904927397968.post-4928083746237356052015-06-15T08:12:00.004-03:002020-01-07T13:56:53.405-03:00RÉQUIEM PARA O QUASAR CAÍDO NA OPACIDADE* [Webston Moura]
Quasar PKS 1127-145 X-rays(NASA/CXC/A.Siemiginowska(CfA)/J.Bechtold(U.Arizona)
Índigos
mares em redor ― Será ilusão o agroglifo de há pouco? Vi-o à
margem esquerda, depois da pedra, onde, em caioá, antigos povos entoaram luas. A
pedra, ardósia especial (tábua esculpida), exalava canela e alfazema. Mas posso
ter sonhado. Navego um rio no já-depois do albor; o sol, inda amigo, cintilaUnknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6858349904927397968.post-64640316338451913862015-06-14T23:44:00.001-03:002020-01-07T14:00:19.357-03:00ALGA [Webston Moura]
Alga Parda (Google Images)
É frágil a alga.
Olhá-la, uma compaixão,
assim como quem,
já velho,
olha-se ao espelho
e mira, em silêncio,
a criança que agora já não há.
E tudo é esta erva fotossensível ―
alga, vida, memória e esta rua
(que tanto existe e é sempre não)
e esta vontade de a tudo reinventar.
Mas, vermelho ou verde,
que a onda carrega,
tudo se dilui
(Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6858349904927397968.post-80888045993792173722015-06-14T23:02:00.002-03:002020-01-07T18:07:22.433-03:00LIVRO DAS VIDAS [Excertos de obra inacabada do prof. Benjamin Umpibekele] [Dércio Braúna]
[Our freedom (detalhe), de Lisa Kokin]
Se a algumas
vidas a morte chega com a serena mão estendida de algum anjo do senhor, a
outros chega ela demasiado cedo, com a fúria de potros rasgando a terra
perfumada de uma inascida manhã.
Assim foi a
Benjamin Umpibekele. A morte lhe veio com a crueza do horror sem mais, com a
brutalidade do inexplicável que decepa o sentido, que Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6858349904927397968.post-19697034517907589832015-06-14T21:40:00.001-03:002020-01-07T18:10:53.567-03:00FOME E ALQUIMIA, PAISAGEM E INUNDAÇÃO [Dércio Braúna]
[Baobás (Madagascar), de Marsel van Oosten]
Disse um
certo romancista, pondo pensamento à mente de certo personagem (humilde e
peregrino padre do século XVI), que, pelo ofício de homens-descobridores desse
seu tempo, “tudo fora nomeado
como se o mundo fosse uma lua: de um só lado visível, de uma só face
reconhecível.” [Mia Couto, em O outro pé da sereia, p. 62] Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6858349904927397968.post-7874302701556969422015-06-14T21:15:00.001-03:002020-01-08T14:17:11.734-03:00CONFISSÕES DE UM NÃO-TELÚRICO ou As boas inquietações de se ver visto noutros olhos [Dércio Braúna]
Carnaubal, de Sávio Sousa
I.
CONFISSÕES PRIMEIRAS
Nasci,
cresci e vivo numa região do interior do Ceará – o Vale do Jaguaribe. Habito
esse lugar. Limoeiro do
Norte, a cidade onde nasci, dentre algumas identidades que carrega (que a fazem
carregar os discursos sobre ela), está a de ser terra de poetas, “a cidade
brasileira com mais poeta ‘per capita’”, daí o dito de Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6858349904927397968.post-27743725821732781922015-06-14T20:37:00.003-03:002020-01-08T14:24:12.417-03:00A PURA PALAVRA [Dércio Braúna]
Malala Yousafzai, ativista paquistanesa conhecidaprincipalmente pela defesa dos direitos humanosdas mulheres e do acesso à educação na suaregião natal do vale do Swat na província deKhyber Pakhtunkhwa, no nordeste do Paquistão
"Falo para que os que não têm voz possam ser ouvidos"
[Malala Yousafzai (jovem paquistanesa,
atingida a tiros na cabeça por Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6858349904927397968.post-67956719939006849452015-06-14T20:06:00.001-03:002020-01-08T14:28:27.387-03:00MEMORIAL DA TERRA [Cântico telúrico] [Dércio Braúna]
[Foto: Rogaciano Santos]
I. A TERRA
Uma
terra não é seu duro chão.
Mais
que ele
(e ainda que o sendo),
ela
é seu avesso:
a brandura que o varre,
&Unknownnoreply@blogger.com